O espírito da ciência e a Fé cristã
segunda-feira, 22 de outubro de 2012
As descobertas científicas,
tecnológicas e biológicas veem crescendo numa proporção muito rápido. O que
levava trinta anos para ser evoluído, descoberto ou desenvolvido, hoje, leva
menos de um terço desse tempo. Os investimentos são altos e a cada passo que a
ciência dá mais perguntas aparecem. O caso mais recente é o descobrimentodo
bóson de Higgs, apelidada de “a partícula de Deus”. Esse bóson foi responsável
pela formação da massa nos primeiros instantes do Big Bang. Essa descoberta,
diz alguns físicos, geram mais perguntas do que respostas, mas também aumenta
nossa capacidade de explicar o mundo pela via analítica e racional. As
perguntas, por outro lado, é o chama que deixa acesa a motivação para novas
embarcações teóricas. Sempre foi assim. Somos seres insaciáveis pelo
conhecimento, e nenhuma pergunta pode nos deixar amedrontados.
No princípio da história humana
tudo era marcado pelo mistério. Fogo, chuva, colheita, trovões, morte ou até
mesmo a conquista de uma guerra. Tudo isso era sustentado pela existência de um
ser divino. Com a transição do pensamento mítico para a reflexão racional essas
ações foram sendo explicadas de forma mais objetiva como fenômenos naturais;
isso nos possibilitou explicar, entender e necessariamente construir toda uma civilização à sombra dessas descobertas.
As religiões, diante de todas as
suas complexidades, são constituídas por essa estrutura de uma linguagem
mítica. Isso não significa uma contradição com os métodos científicos; são
apenas linguagens diferentes. Durante a história assistimos a ciência desmitificar
várias questões do qual a religião tratou como verdade absoluta. O exemplo mais
notório foram as teorias de Kepler, Copérnico e Galileu que jogava por terra o
sistema geocêntrico – que tem a Terra como centro do Universo. Descobertas como
essas eram ameaças que minavam a fé de muita gente no século XVI. Descobertas
que aparentemente nunca entraram em contradição com a Bíblia.
No século XIX a única galáxia
conhecida era a Via Láctea, hoje se estima que exista 100 bilhões delas.
Através de métodos muito precisos sabemos a data do nosso planeta (4,5 bilhões
de anos), do Universo (13,75 bilhões de anos); conseguimos explorar o espaço e
descobrimos muito de suas particularidades. Descobrimos e conseguimos entender
a elegante formação de buracos negros revolvido de segredos e distinções.
Conseguimos calcular a distância entre o sol e a terra, e quanto de tempo leva
para a luz chegarem até aqui. O sol deixou de ser uma figura totêmica e foi
reduzida a uma estrela vagabunda de quinta grandeza, que em algum momento no
tempo irá se apagar – como qualquer outra estrela no espaço.
E o que dizer do mundo subatômico.
O átomo, por exemplo, até o século XIX eram somente indagações filosóficas.
Quando Einstein conflitantemente dividiu o átomo (que significa indivisível), a maioria dos físicos do
mundo se encheram de perplexidade. Descobriram que o átomo não era mais a menor
partícula. O que chamamos de matéria se dissolve através de 17 partículas —
quarks, léptons e bósons – que constituem o Universo e três de suas forças
fundamentais — exceto a gravidade. Em suma, tudo não passa de poeira cósmica,
energia condensada. Não seria exagero dizer que o Universo é a manifestação
física da interação de zilhões de partículas submetidas às forças da natureza.
A genética, por sua vez, toma como
verdade a Teoria da Evolução, que dá luz e compreensão de como o ser humano se
desenvolveu biologicamente através dos milênios. Desde então, vários avanços na
medicina e na agricultura tem atingido resultados favoravelmente nobres para a
humanidade.
Como conciliar tamanhos desenvolvimentos
com a fé cristã? É bem verdade que o discurso científico tem sido questionado
por várias correntes religiosas. Vários líderes religiosos ainda não aceitam a
descrição cientifica para o desenvolvimento do Universo que começou com o Big
Bang. A Teoria da Evolução é vista nos arraiais evangélicos como uma seta do
Diabo para enganar os fiéis. Apesar disso todos se beneficiam das vantajosas
descobertas de nossa imperfeita ciência: todos usam celulares, micro-ondas,
tomam vacinas, fazem transplantes de órgãos e usam variados tipos de
medicamentos em seres humanos, animais e até mesmo em plantas. Como muitos
pensam a ciência não é um agente para contradizer a Bíblia, esse serviço fica
para aqueles ateus birrentos como Richard Dawlkins. A maioria dos que rejeitam
as verdades cientificas são aquelas pessoas que ainda fazem uma infantil
interpretação literal da Bíblia — particularmente do Gênesis. Mas isso é
assunto para outro momento
Minha convicção é de que quanto
mais tentamos destrinchar os fenômenos do Universo mais especulações surgirão.
E isso de modo algum reduz o espaço da fé. Por isso, ter a ciência como inimiga
não seria muito sensato. Einstein, portanto, entendia a religião como uma
atividade intuitiva que todo ser humano pode assumir em relação a Deus; assim,
dizia ele que a religião sem a ciência é manca, e a ciência sem a religião é
cega. Uma completa a outra e ambas são imperfeitas em seus julgamentos. É essa
percepção para uma reflexão metafísica da realidade que falta em muitos cientistas
atuais. Isso é justamente o que Marcelo Gleiser (notório físico brasileiro)
observa entre seus colegas:
Para muitos cientistas, a busca pelos segredos da natureza tem um lado
espiritual, algo que o próprio Einstein chamou de “mistério cósmico profundo”,
aquilo que não sabemos sobre a realidade que nos cerca.
Por mais que a ciência tenha tido
êxito em vários âmbitos, a realidade soa como algo desconhecido ainda. E toda
essa faceta tem um ar muito místico. Exemplo disso são os vários elementos
inexplicáveis e sem respostas: a gravidade continua sendo uma força divinamente
misteriosa. Ela está ai, e é responsável pelo surgimento de estrelas, planetas,
buracos negros e nos garante que estejamos sempre no chão, mas ninguém ainda
sabe a natureza dessa força observada macroscopicamente. A genética consegue
justificar o desenvolvimento da vida e suas várias adaptações, mas não consegue
explicar a vida. Como nasceu a
primeira célula, o primeiro micróbio, o que existia antes do Big Bang? Todas as
respostas levam à existência de um Criador. A ciência não é completa, e sua
corrida é para a descoberta de como o Universo funciona. Se um dia
descobrirmos, o próximo passo será responder o porquê ele existe. Essa investigação, com certeza é uma busca pelo
divino.
Confesso que quanto mais me debruço
sobre as particularidades da Criação, mais me deleito e sinto-me pequeno diante
de tamanha grandeza. As teorias cientificas tem que ser respeitada e avaliada
com a mesma rigidez que a Bíblia (1 tessalonicenses 5.21), pois, se ignoradas
por nós, estaríamos nos privando de conceber a quintessência da beleza divina:
sua Criação.
©2012 Lindiberg de Oliveira
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