A morte de um rebelde
sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015
No leito de sua morte, Kierkegaard
foi convidado a receber a Sagrada Comunhão; um costume dentro do luteranismo.
Ao que ele responde: “Sim, mas não a partir de um pároco, a partir de um
leigo”. Kierkegaard foi comunicado que seria difícil seu pedido ser atendido.
"Então vou morrer sem ele”, retrucou. Com insistência, lhe disseram que
aquilo não era certo. Ao que respondeu Kierkegaard: "Quanto a este ponto,
não pode haver nenhum argumento, eu fiz a minha escolha. Pastores são
funcionários do rei, os oficiais do rei não tem nada a ver com a cristandade”.
Kierkegaard foi um rebelde; um incrível
abusado que torcia o narigão para as instituições eclesiásticas que, assim como
hoje, se embeveceram com o vinho produzido pelo Estado, pelo lucro e por uma
tradição duvidosa. Viu no cristianismo de sua época uma estranha e sufocante
atmosfera que reduzia a fé em meras crenças asmáticas de fôlego reduzido.
O extremo desconforto de
Kierkegaard aumentou sua popularidade, especialmente entre os acadêmicos, que
não ignoraram seu desejo de não ter seu funeral em uma basílica. Houve
protesto, o funeral foi interrompido e suas convicções religiosas radicais
foram proferidas durante o enterro, deixando o deão presente enfurecido. Depois
disso, o rebelde foi descido ao seio gelado da terra.
©2015 Lindiberg de Oliveira
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